GOLPES
GOLPES DE EXTORÇÃO POR TELEFONE
1. Têm-se verificado o recrudescimento da modalidade de golpe em que o golpista, normalmente presidiário, munido de celular tenta extorquir militares ou dependentes de militares, convencendo-os que tem em mãos seus filhos ou cônjuges.
2. Segundo a Coordenadoria de Inteligência do Sistema Penitenciário (CISPEN) do Rio de Janeiro, neste caso, o objetivo dos detentos é obter créditos para seus celulares para que possam administrar, da prisão, eventuais “negócios” fora da cadeia.
3. O golpe inicia-se com uma ligação telefônica, normalmente a cobrar, onde o golpista procura obter dados pessoais da possível vítima. Os casos mais comuns são:
a. falso acidente: uma pessoa dizendo-se policial militar ou bombeiro liga informando de um acidente que teria ocorrido com um parente do interlocutor, normalmente filho ou cônjuge. Após conseguir alguns dados a respeito do suposto acidentado, o golpista anuncia que se trata de um sequestro e passa a utilizar os dados obtidos na conversa, pressionando o interlocutor para que efetue o pagamento de uma determinada quantia pela liberação do suposto sequestrado ou aquisição de créditos telefônicos;
b. falso prêmio: uma pessoa liga, dizendo ser funcionário de uma empresa e que o interlocutor foi sorteado em uma promoção para ganhar um prêmio (TV, DVD, aparelho de som, etc). Informa que para receber o prêmio o interlocutor deverá adquirir uma quantidade de cartões telefônicos e informar o número dos cartões;
c. falso sequestro: uma pessoa liga anunciando que se encontra com um parente, normalmente filho ou cônjuge, e que para soltar a pessoa o interlocutor deverá pagar uma determinada quantia. Neste tipo de caso o bandido já levantou alguns dados do suposto sequestrado, passando a difundi-los ao longo da conversa com o interlocutor, com a finalidade de dar consistência à estória.
d. Ultimamente, também têm sido utilizadas abordagens na entrada de cinemas ou teatros, para obter dados, da seguinte forma: jovens bem vestidos, rapazes e moças simpáticas, se colocam em frente a teatros e cinemas. Abordam educadamente adolescentes que se dirigem para assistirem as peças ou filmes, e, sob alegação de que estão realizando uma pesquisa, fazem perguntas: que tipo de música você prefere? Você estuda? Trabalha? Com que frequência vai ao cinema? Prefere teatro ou cinema? Etc. Ao final, informam que a empresa responsável pela “pesquisa” irá fazer um breve sorteio, e que para tanto necessitam dos telefones e endereço do jovem. Os golpistas aguardam a entrada da pessoa no cinema e teatro. Normalmente, as pessoas no interior destes estabelecimentos desligam seus aparelhos celulares, passando à situação de incomunicáveis. Passados alguns minutos, os golpistas ligam para o celular da pessoa, certificando-se de que realmente o aparelho está desligado. Dispondo de tempo para agir, os golpistas ligam para a residência da vítima, e informam que estão com o parente sequestrado. Informam que tipo roupa o adolescente está vestindo, cor, seu número de celular, até algumas de suas preferências.
4. Dentre os fatores que contribuem para o sucesso na aplicação dos golpes de extorsão por telefone destaca-se a pressão psicológica imposta pelos bandidos, que afirmam estar de posse de filhos ou do cônjuge. A possibilidade de perdê-los faz com que as pessoas entrem em desorganização emocional e passem a acreditar na estória do golpista.
5. A melhor maneira de proteger-se contra o golpe é a adoção de medidas de prevenção e de obstrução a seguir listadas. Fique atento para o seguinte:
a. policiais militares, policiais civis ou bombeiros normalmente não ligam para parentes de vítimas em caso de acidente de trânsito e não fazem chamadas a cobrar;
b. comunicações de acidente, mesmo quando são feitas por hospitais, normalmente não são feitas por meio de ligações a cobrar;
c. observe o código de área da ligação. A maioria dos golpes tem origem no RIO DE JANEIRO (código de área 21), CEARÁ ( código de área 85) e SÃO PAULO ( código de área 11). Se o suposto parente sequestrado não se encontra nesses locais é um indicativo de que se trata de golpe;
d. tente verificar se o parente supostamente sequestrado está realmente desaparecido. Ligue de outro telefone que não seja o celular ou, se possível, vá até o local onde a pessoa deveria estar e confirme a sua situação;
e. as empresas de telefonia ou promotoras de eventos com prêmios não fazem ligações a cobrar;
f. não é comum as empresas de telefonia realizarem premiações a partir da compra de cartões telefônicos. Eventuais vantagens são oferecidas aos clientes de outra maneira, como por exemplo, recebimento de crédito em dobro, registrado pelo sistema da operadora; e
g. ligações de sequestradores não são longas. O sequestrador tem receio de ser rastreado. Desconfie de ordens para não desligar o telefone. Neste tipo de situação, normalmente, não está acontecendo um sequestro e o golpista está tentando evitar que seja confirmada a situação do suposto sequestrado.
6. Para proteger o público interno de ser vítima de extorsão por telefone, é conveniente estar alerta para o que se segue:
a. conhecer o “modus operandi” usado pelos meliantes. Normalmente as estórias são semelhantes, como as apresentadas no item 3, com poucas modificações;
b. evitar atender ligações a cobrar, particularmente em telefones celulares;
c. orientar empregados domésticos e parentes para que não dêem informações pessoais por telefone;
d. controlar a documentação que contenha dados pessoais. Estão aí incluídos a disponibilização de números em listas telefônicas, cópias de documentos pessoais em lojas, bem como em sítios de relacionamento da Internet, do tipo “ORKUT” ou “FOTOLOG”;
e. em caso de receber ligações envolvendo um suposto sequestro, manter a calma, procurar desenvolver um raciocínio lógico e ganhar tempo para confirmar o desaparecimento ou não do suposto seqüestrado;
f. procurar contato com a suposta vítima ou com a polícia antes de atender aos pedidos dos meliantes;
g. orientar os idosos a respeito deste assunto. Existe uma predisposição dos idosos em alongar conversas e dessa maneira poderão passar dados pessoais aos criminosos; e
7. A prevenção do público interno contra o golpe de extorsão por telefone será eficaz se houver ênfase na divulgação aos militares dos conhecimentos contidos nesta apreciação, bem como na recomendação de que orientem seus dependentes, pois eles são, geralmente, as vítimas potencias.
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