sábado, 27 de abril de 2013

Congo: brasileiro chefiará forças da ONU

Congo: brasileiro chefiará forças da ONU
27 Abr 2013

General que serviu no Haiti comandará 20 mil soldados

BRASÍLIA

 

Com a experiência de ter liderado as forças de paz internacionais no Haiti entre 2007 e 2009, o general do Exército brasileiro Carlos Alberto dos Santos Cruz foi o escolhido para comandar a Missão de Estabilização da Organização das Nações Unidas na República Democrática do Congo (Monusco, na sigla em inglês). Ele faz questão de lembrar que, até o momento, houve apenas a formalização do convite, mas o processo de confirmação do seu nome ainda está em curso. Caso isso ocorra, ele terá 20 mil soldados de vários países sob seu comando.
Diante do histórico da República Democrática do Congo (RDC) - que já sofreu golpes de Estado violentos e onde a população, principalmente no Leste, sofre com uma situação de guerra civil - o general alerta: a missão da ONU tem limites para sua atuação e não devem ser criadas expectativas muito altas sobre a capacidade de atuação da comunidade internacional.
- Como todo mundo deseja ver a violência ter um fim, existe um excesso de expectativa pelo que pode ser feito. A comunidade internacional faz o que é possível, porque você tem a soberania dos países, limitações de ordem política, econômica, de prática administrativa. Então é fácil colocar a culpa na comunidade internacional, mas difícil é saber exatamente a dimensão do problema e até onde que você pode influir - disse o general ao GLOBO.

Países bem diferentes

Se confirmado, ele vai comandar as forças da ONU num país de dimensões territoriais e população muito maiores que do Haiti. O país caribenho tem 27,7 mil quilômetros quadrados e pouco menos de 10 milhões de habitantes. Já a RDC cobre uma área de 2,3 milhões de quilômetros quadrados, onde vivem 75,5 milhões de pessoas. Apesar das diferenças, o general diz que a experiência no Haiti ajudará no Congo, mas que não é possível dizer qual das duas missões é mais difícil.
Embora destaque que ainda não traçou estratégias ou prioridades - uma vez que seu nome precisa primeiramente ser confirmado - o general demonstrou preocupação com a população mais vulnerável à violência na RDC.
- Quando a gente fala de violência, não é só violência física, fala também da violência moral, da violência sexual, que chama a atenção, da violência contra os vulneráveis. Em geral quem são os mais vulneráveis: as mulheres e as crianças. As crianças-soldados, que são recrutadas para movimentos rebeldes. Não é só a violência sexual que chama atenção, mas contra os mais fragilizados, que sofrem mais com o conflito do que aqueles que se envolvem diretamente com o conflito - afirmou ele, fazendo referência aos frequentes casos de estupro no país.
O general diz que o convite é, em parte, o reconhecimento do desempenho do Brasil em outras missões de paz, como em Haiti e Líbano. Segundo o site da Monusco, a missão já sofreu 55 baixas, das quais 31 foram das forças de paz, três policiais, três observadores militares, 11 civis estrangeiros e sete congoleses. Não há tropas brasileiras no país.

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