Origem de alguns nomes de ruas e praças de São Paulo
Praça Campo de Bagatelle
Próxima ao Campo de Marte, em Santana, a praça é uma homenagem ao brasileiro considerado o pai da aviação. Isso porque a façanha de Santos Dumont ocorreu nos jardins do castelo de Bagatelle, em Paris. Foi de lá que ele decolou com o 14 Bis, o primeiro veículo mais pesado que o ar a levantar vôo por conta própria, em 1906. A réplica do avião instalada no centro do gramado passou dois anos em reforma. Voltou ao local no fim de 2002.
Rua do Gasômetro
Enormes lampiões alimentados por azeite de peixe iluminaram São Paulo durante décadas. Em março de 1872, com a presença da família imperial, foi inaugurada oficialmente a iluminação a gás na capital. Uma fábrica chamada Gasômetro abastecia os 55 lampiões. Desde então, o estabelecimento passou a dar nome a essa rua no Brás. Hoje, ela é conhecidíssima por suas lojas de madeira e ferragem.
Rua Senador Feijó
Regente, ministro e senador, o padre Diogo Antônio Feijó nasceu em São Paulo, em 1784. Viveu durante muitos anos perto de onde hoje fica a Catedral da Sé, na antiga Rua da Freira, que tinha esse nome por causa de uma moradora vinda do Convento de Santa Tereza. Quando Feijó morreu, em 1843, seu corpo foi embalsamado e ficou exposto à visitação pública por dias, dentro de casa. Dezoito anos depois, a rua recebeu seu nome. Além da Senador Feijó, no centro, a Avenida Regente Feijó, na Água Rasa, também o homenageia.
Largo da Pólvora
Para abrir a Rua Américo de Campos, na Liberdade, em 1832, a prefeitura mandou demolir um armazém usado para estocar pólvora. No local formou-se uma praça, chamada pelos moradores de Largo da Pólvora. O prefeito Olavo Setúbal oficializou o nome em 1978, em comemoração ao septuagésimo aniversário da imigração japonesa no país. Ali foi construído um jardim oriental, com três lagos de peixes ornamentais, hoje cercado.
Vila Hamburguesa
Por volta de 1900, a área, no extremo oeste da cidade, era ocupada por um sítio de propriedade do alemão Valdemar Gerschow, natural de Hamburgo. Quando o bairro começou a ser loteado, para abrigar imigrantes que vinham trabalhar em tecelagens e outras fábricas da região da Lapa, Gerschow resolveu batizá-lo em homenagem à sua cidade natal e a uma bebida muito apreciada na época, a cerveja Hamburguesa.
Largo do Paissandu
Várias lagoas que existiam na vizinhança fizeram com que a área, no centro da cidade, fosse por muito tempo chamada de Praça das Alagoas. Na segunda metade do século XIX, rebatizaram-na de Largo do Paissandu, em homenagem a uma batalha que antecedeu a Guerra do Paraguai, travada durante um ano na cidade uruguaia do mesmo nome, entre 1864 e 1865. Durante décadas, foi um badalado ponto de encontro, em especial dos acadêmicos da Faculdade de Direito, que saíam do Largo São Francisco e iam caminhando até o extinto Bar Rostov e o Ponto Chic, ainda aberto no local.
Parelheiros
Para evitar a invasão de castelhanos, dom Pedro I resolveu promover o assentamento de imigrantes em terrenos desabitados. Soldados, agricultores e artesãos alemães ganharam lotes, a meia hora de distância do centro de Santo Amaro. Foi o costume germânico de fazer corridas usando um tipo de carruagem que deu o nome a Parelheiros – as competições eram movidas por cavalos emparelhados. Mas as colônias de estrangeiros duraram pouco. Das 94 famílias que chegaram ali em 1829, restavam apenas cinco em 1850. Hoje 100 000 pessoas vivem no bairro, entre elas cerca de 1 000 índios de duas aldeias guaranis.
Rua do Lavapés (centro)
A rua de quatro quarteirões que liga a Frei Caneca à Consolação homenageia o primeiro filósofo brasileiro. Nascido em 1705, o paulistano Matias Aires Ramos da Silva de Eça foi alfabetizado por jesuítas no Pátio do Colégio. Aos 11 anos, mudou-se com a família para Lisboa. Estudou direito em Coimbra e, na Sorbonne, em Paris, cursou ciências naturais, matemática e hebraico. Ele morreu em Portugal, em 1763, e nunca foi muito conhecido por aqui. Seu livro mais importante, Reflexões sobre a Vaidade dos Homens, só foi publicado no Brasil em 1993.
Rua Major Diogo
A rua onde se localiza o Teatro Brasileiro de Comédia foi batizada em homenagem ao Major Diogo Antônio de Barros, capitão do 7º batalhão de voluntários paulistas na Guerra do Paraguai. Em 1872, anos após retornar do combate, Barros fundou a mais antiga indústria têxtil paulistana. Oito anos mais tarde, sua residência, na Rua Florêncio de Abreu, foi a primeira a receber energia elétrica.
Rua do Lavapés
Até o século XIX, os viajantes que chegavam à cidade pela baixada da Glória, no Cambuci, utilizavam um córrego que servia como divisão natural entre a cidade e a zona rural para lavar os pés. É por isso que, quando o riacho foi canalizado, a rua que surgiu ali ganhou o nome de Lavapés. A informação está no livro 1001 Ruas de São Paulo – Guia Sobre a História dos Homenageados nas Placas da Cidade, de Silvia Costa Rosa, lançado na última sexta-feira pela editora Panda Books.
Rua Barão de Itapetininga
Considerado um dos homens mais ricos da cidade em meados do século XIX, Joaquim José dos Santos, o Barão de Itapetininga, era dono de um palacete e de uma grande plantação de chá na região do Anhangabaú. Depois de sua morte, em 1876, a prefeitura desapropriou a residência para erguer o Viaduto do Chá. Anos mais tarde, voltou a precisar de um pedaço daquelas terras, agora para abrir uma rua. A baronesa doou a área ao município, mas exigiu que a via levasse o nome de seu marido.
Vila Madalena
No século XIX, a área conhecida como Sítio do Buraco pertencia a um fazendeiro que tinha três filhas: Madalena, Beatriz e Ida. As três tornaram-se nomes de bairros da Zona Oeste, mas foi a Vila Madalena que conquistou a maior fama. No início do século passado, havia ali apenas uma dezena de casas de alvenaria. Mais tarde surgiram botecos e campos de futebol. A região só começou a se revigorar nos anos 70. Na época, o governo militar fechou a moradia da Cidade Universitária e muitos estudantes da USP se mudaram para lá. Desde então, a Vila ganhou o perfil boêmio e intelectual que conserva até hoje.
Marsilac
O bairro fica no limite com Itanhaém, no extremo sul do município, e tem a menor densidade demográfica da capital. Inclui a Área de Proteção Ambiental Capivari–Monos, com três reservas indígenas e cerca de 120 espécies de animais. Seu nome é uma homenagem ao engenheiro José Alfredo Marsilac. Atingido por uma granada durante a Revolução de 32, ele perdeu 99% da visão. Mesmo assim, produziu uma série de estudos que revolucionaram a construção de estradas com túneis no país.
Bixiga
No século XVI, a região era chamada de Sítio do Capão. Depois, tornou-se Chácara das Jabuticabeiras. Por volta de 1720, o proprietário daquele extenso matagal era conhecido como Antônio Bexiga. Ele levava esse apelido porque tinha cicatrizes de varíola. O nome pegou. Imigrantes, sobretudo italianos, começaram a se instalar por ali a partir de 1878, quando todos os terrenos foram colocados à venda. Recentemente, a vereadora Myryam Athie ( PPS) apresentou um projeto de lei para oficializar o nome do bairro – o registro atual indica apenas Bela Vista. A proposta deve ser votada na Câmara Municipal dentro de dois meses.
Praça Dom José Gaspar
No século XIX, a Cúria Metropolitana comprou da família Souza Queiroz um palácio na região da Rua São Luís. O imóvel serviu de residência para o arcebispo da cidade. Durante a primeira gestão do prefeito Prestes Maia, ele foi desapropriado e, em 1942, demolido para que ali fosse construída uma praça. No ano seguinte, o então arcebispo de São Paulo, dom José Gaspar de Afonseca e Silva, morreu num desastre aéreo, no Rio de Janeiro. A praça foi batizada com seu nome em 1949.
Higienópolis
O bairro apareceu no fim do século XIX, quando os imigrantes alemães Martinho Buchard e Victor Nothman compraram uma série de chácaras e criaram um dos primeiros loteamentos residenciais nobres da cidade. Ricos fazendeiros de café, comerciantes e profissionais liberais instalaram-se ali atraídos pela boa localização e por um conjunto de melhorias ainda difícil de ser encontrado em outros locais, como serviços de água, esgoto e gás. Foi por isso que a região ficou conhecida como 'cidade da higiene', ou Higienópolis.
Ladeira Porto Geral
A região da Rua 25 de Março, originalmente chamada Rua de Baixo ou Baixa de São Bento, começou a se desenvolver como um agitado centro comercial no início do século XX. Foi quando chegaram à cidade os primeiros imigrantes árabes. Boa parte das mercadorias vendidas ali era transportada por barcos pelo Rio Tamanduateí. O principal acesso ao porto fluvial era uma via íngreme, que mais tarde ficou conhecida como Ladeira Porto Geral, a sensação do paraíso das pechinchas.
Avenida Sapopemba
Ela é considerada a maior avenida da cidade e também a mais perigosa – apareceu em primeiro lugar entre as vias com maior incidência de assaltos, homicídios e roubos de carro em um levantamento da Secretaria de Segurança do Estado. A avenida recebeu este nome por causa de uma árvore. Em tupi-guarani, sapopemba significa raiz chata, um tipo de raiz que se desenvolve acima do solo, junto ao tronco, e pode chegar a 2 metros de altura. Uma árvore com essa peculiaridade ficava às margens de onde passa a avenida, na altura do estacionamento do Mercado Municipal.
Rua do Orfanato
O padre italiano José Marchetti foi designado para acompanhar seus conterrâneos na longa viagem de navio até Santos. Durante o percurso, uma mulher morreu e deixou o filho de colo com ele. Em terra firme, numa visita ao cafezal de Jaú onde imigrantes trabalhavam, viu falecer outros pais e mães, vítimas de tifo. Para atender as dezenas de órfãos que surgiam, Marchetti ergueu, em 1895, uma casa para meninos no Ipiranga. Nove anos depois foi inaugurada a extensão da Vila Prudente, só para meninas. Pertencente ao Instituto Cristóvão Colombo, a construção de 3 000 metros quadrados deu nome à Rua do Orfanato e funciona até hoje.
Avenida Henrique Schaumann
Um dos mais badalados pontos da cidade na década de 80, essa avenida tem seu nome ligado a uma famosa farmácia. Filho do fundador da Botica Ao Veado D'Ouro, Henrique Schaumann estudou em Hamburgo, na Alemanha. Aos 23 anos, em 1879, assumiu o controle dos negócios da família. Foi eleito vereador e participou de campanhas contra as epidemias de peste e tifo na capital. Retornou à Europa em 1905 para tratar de uma doença no intestino. Morreu dezessete anos depois.
Avenida Jacu-Pêssego
Na década de 20, imigrantes japoneses se instalaram em uma área verde no extremo leste da capital. Notabilizaram-se pela produção de pêssegos. Para comercializarem as frutas, abriram uma pequena estrada de terra, à margem do Rio Jacu. O afluente do Tietê, hoje canalizado, devia seu nome a um pássaro comum naquelas paragens. Só em 1996 a antiga estrada recebeu o nome de Avenida Jacu-Pêssego.
Avenida 9 de julho
As obras da avenida começaram na década de 1920, durante a gestão do prefeito Pires do Rio, que sonhava com uma via que corresse no meio de um parque, desde o Vale do Anhangabaú até a Avenida Paulista. O tal parque nunca saiu do papel, e a Nove de Julho (que originalmente seria batizada de Anhangabaú) só foi concretizada em 1941, por Prestes Maia. O nome dessa via homenageia o início da Revolução Constitucionalista, quando milhares de paulistas se rebelaram contra o governo de Getúlio Vargas.
Rua da Consolação
Numa região pantanosa e desabitada, à margem da estrada para a aldeia de Pinheiros, foi encontrada, em meados do século XVIII, uma imagem de Nossa Senhora da Consolação, responsável pela conversão de Santo Agostinho. Devotos ergueram em homenagem a ela uma igreja de taipa, inaugurada em 1799. O caminho, que logo passou a ser conhecido como Rua da Consolação, foi alargado no século XIX, quando ganhou iluminação de lampiões a gás e diversos casarões da elite paulistana, como o do casal Martinho e Veridiana da Silva Prado.
Freguesia do Ó
Até o início do século passado, alguns bairros da cidade eram chamados de freguesias. Uma delas se desenvolveu ao redor de uma igreja, construída pelo bandeirante Manuel Preto em homenagem a Nossa Senhora. Na época do Natal, os fiéis rezavam as chamadas Antífonas de Véspera, orações que começavam sempre com a interjeição 'Oh'. Foi por causa disso que a região ficou conhecida como Freguesia do Ó.
Rua Oscar Freire
Reduto das vitrines mais caras e elegantes do país, esta rua foi aberta em 1897. O nome atual, registrado em 1923, é uma homenagem ao médico baiano Oscar Freire de Carvalho, que veio a São Paulo a convite do colega Arnaldo Vieira de Carvalho (o mesmo da Avenida Doutor Arnaldo). Oscar criou a cadeira de medicina legal na Faculdade de Medicina da USP. Antes de ser batizada com o nome do médico, a rua teve outras duas denominações: São José e Alameda Iguape.
Avenida 23 de maio
Uma das mais agitadas avenidas da cidade recebeu seu nome em homenagem ao dia da morte dos estudantes Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo. Os quatro entraram em conflito com a polícia durante uma manifestação contra o governo do presidente Getúlio Vargas, realizada no centro, em 1932. Suas iniciais formam a sigla MMDC, símbolo da Revolução Constitucionalista, que teve início em 9 de julho do mesmo ano.
Ponte João Dias
Mario Rodrigues
Nascido em Itapetininga em 1842, João Dias de Oliveira viveu parte de sua vida no então município de Santo Amaro (que se tornaria bairro da capital apenas no século XX). Ali, ele instalou a primeira indústria local de pólvora. Foi vereador e trabalhou também como inspetor escolar. Em 1938, doze anos após sua morte, o nome do ex-alferes do Império rebatizou a antiga Estrada do Circuito de Itapecerica, que passou a se chamar Avenida João Dias. Nos anos 70, a prefeitura inaugurou a ponte da Marginal Pinheiros.
Rua Angélica
A baronesa Maria Angélica de Souza Queiroz de Barros era uma grande proprietária de terras onde hoje se situa o bairro de Higienópolis. Até 1872, a região tinha casas-grandes, senzalas, cocheiras, plantações de chá e grandes capinzais. Pouco depois, Francisco Aguiar de Barros, marido de Maria Angélica, loteou sua propriedade. Com isso, o bairro ganhou diversas avenidas. Em 1907, uma das principais, conhecida como Itatiaia, foi rebatizada com o nome da baronesa.
Avenida Dr. Arnaldo
O doutor Arnaldo Vieira de Carvalho organizou o primeiro curso de medicina da cidade, em 1913. Tratava-se da Faculdade de Medicina de São Paulo, mais tarde incorporada à USP. Em 1931, onze anos depois da morte de Carvalho, a rua da faculdade deixou de se chamar Avenida Municipal e foi rebatizada com o nome do médico.
Rua Aspicuelta
É uma homenagem ao jesuíta João de Aspicuelta Navarro, que integrou o primeiro grupo de missionários da Companhia de Jesus no Brasil, em 1549. O nome foi registrado na prefeitura em 1948. Hoje, bares, restaurantes e ateliês badalados fazem da pequena Rua Aspicuelta uma das mais movimentadas da Vila Madalena.
Rua Bagdá
Data de 1978 o primeiro registro na prefeitura da rua com o mesmo nome da capital iraquiana. Ela fica em São Miguel Paulista, tem apenas um quarteirão e uma bandeira brasileira pintada no asfalto, herança da Copa do Mundo. 'Nos fins de semana, aqui também é comum ouvir disparos de tiros durante a madrugada', diz Francisco Saturnino, dono da casa de número 63. O único vestígio da cultura árabe são as esfihas vendidas na esquina a 50 centavos.
Rua 25 de Março
A mais movimentada rua da cidade, por onde circula até 1 milhão de pessoas por dia na época do Natal, foi batizada de 25 de Março em 1865 para homenagear a data da promulgação da primeira Constituição do Brasil. Antes de ganhar esse nome, a via teve várias outras denominações. Entre elas, Rua das Sete Voltas, por causa do tortuoso Rio Tamanduateí, que passava ao lado.
Parabenizo o Cel Borges por suas pesquisas incansáveis, que nos trazem conhecimento de assuntos tanto cotidianos quanto culturais. Os ensinamentos e notícias transmitidos são de grande utilidade. Agradeço de coração.
ResponderExcluirSinto não ter conseguido abrir o filme sobre paraquedismo, vez que, recém casada, acompanhei de perto o treinamento de meu esposo já falecido, que fez parte do Núcleo de Paraquedistas aeroterrestres.