quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Entrega de gorro da ONU credencia militares de Campinas a atuar no Haiti

Entrega de gorro da ONU credencia militares de Campinas a atuar no Haiti
05 Set 2013

240 integrantes do Exército local participaram da formatura nesta quarta (4).

Novo contingente brasileiro parte para Porto Príncipe a partir de novembro.

Lana Torres Do G1 Campinas e Região

Militares de Campinas durante cerimônia de "formatura" (Foto: Vanderlei Duarte / EPTV)
Um grupo de 240 militares de Campinas (SP) recebeu na manhã desta quarta-feira (4) o gorro azul da Organização das Nações Unidas que os credencia a servir à missão de paz da ONU no Haiti. Os integrantes habilitados durante a cerimônia são todos voluntários e fazem parte do batalhão que seguirá para o país caribenho a partir de novembro deste ano para a troca de contingente na área de pacificação.
O coronel Anisio David de Oliveira Junior, que é comandante da próxima equipe que vai compor a Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (Minustah), explica que a cerimônia desta quarta marcou o início dos treinamentos específicos para as atividades que os militares vão executar durante a expedição.
"Nosso treinamento inicia hoje com a tropa executando uma série de ações que eles vão realizar no Haiti, inclusive, ações sociais. Nós vamos cuidar de algumas escolas, vamos trabalhar com alguns institutos. Queremos aliar o nosso treinamento militar à participação social.", falou.
Além dos militares que servem ao Exército em Campinas, haverá homens e mulheres de outras cidades, como Lins, São Vicente, Caçapava e da capital compondo o grupo de 1,2 mil voluntários que será o 19º a desembarcar no Haiti desde que a Minustah foi criada, em 2004. A expectativa é que eles fiquem de seis meses a um ano na capital Porto Príncipe.
Bonés são padronizados em todo o mundo nas missões de paz (Foto: Vanderlei Duarte / EPTV)

Gorro Azul

O Comandante David explica que existe, no universo militar, um simbolismo em torno do gorro azul, que representa a associação do soldado a uma causa social internacional. O gorro, simbolizado pelo boné ou pelo capacete azul turquesa com o distintivo da ONU, é padronizado para os militares do mundo inteiro que servem a alguma missão das Nações Unidas.
"Colocar o gorro azul tem um significado especial para o soldado. É um compromisso que ele está criando ali. Ele está levando um pouco de Campinas, um pouco de São Paulo, um pouco do Brasil e apresentando tudo isso para a sociedade internacional. E, claro, dando sua contribuição para a paz mundial", conta.

Encontro e Reencontro

Para o sargento Ricardo Teixeira de Brito, de 44 anos, receber o boné da ONU nesta quarta significou o prenúncio de um reencontro com amigos e colegas que ele fez no Haiti quando esteve no país pela primeira vez, entre 2009 e 2010. Brito assistiu de perto à catástrofe que acometeu o país durante o terremoto, que deixou cerca de 300 mil mortos e 3 milhões de desalojados.
"Foi uma situação traumática. Eu estava dentro do alojamento em um dispositivo que não cai, tipo um contêiner. E, de repente, começou a tremer. Eu achei que fosse um blindado, mas de repente sacudiu tudo", lembra.
O sargento exerce função de corneteiro clarim no Exército e, no Haiti, desempenhará ainda serviços de carpintaria e marcenaria. Ele fala com apresso do país que deixou há três anos e lembra que, apesar da restrição no volume de bagagem, sempre fez questão de levar sua contribuição pessoal para os amigos haitianos.
"Quando eu fui, eu tinha um amigo haitiano, o Bob, que ia ter um filho e ele disse que precisava de roupas de crianças. Minha esposa juntou e eu levei, na volta da minha folga, para ele. Mas quando eu fui entregar, ele me contou que o filho dele tinha morrido. Eu estou voltando porque vai ser uma satisfação reencontrar com ele e outros amigos", conta. Desta vez, o sargento tenta arrecadar cadernos e material escolar para doar à população.
O exemplo dele servirá de inspiração para os novatos, como a sargento Aline Bernardes Pereira, que vai pela primeira vez ao Haiti prestar serviço humanitário como enfermeira. Ela faz parte da minoria feminina do contingente, e conta que vai deixar o marido durante seis meses para se dedicar à causa. "Sempre foi um sonho para mim", falou já com o boné azul.

Treinamentos

O treinamento final do batalhão que parte em novembro será concentrado em Campinas, na sede do Exército, que receberá os militares de todas as cidades que fornecerão homens para a missão. A preparação intensiva será a partir de outubro e inclui, inclusive, aulas de créole, idioma mais falado no país caribenho.

Nenhum comentário:

Postar um comentário