Exame da tireoide deve ser realizado a partir dos 35 anos
Cláudio Bandeira
Desde que a primeira descrição científica da tireoide foi realizada pelo anatomista flamengo Andreas Vesalius (1514-1564), a glândula passou a ser um dos principais focos de estudo entre os órgãos do corpo humano.
Quando não funciona apropriadamente, pode causar fadiga constante, intestino preso, unhas quebradiças, pernas inchadas e dificuldade em perder peso.
A tireoide fica na parte anterior do pescoço e regula através dos hormônios T3 (triiodotironina) e T4 (tiroxina), entre outras, as funções das células em todo o organismo, controlando o metabolismo, a produção de calor, ciclo menstrual/fertilidade, memória, atenção, batimentos cardíacos, peso corporal e níveis de colesterol.
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A partir dos 35 anos - sem distinção de sexo - todos devem realizar periodicamente a dosagem do TSH (sigla em inglês para hormônio estimulante da tireoide).
A recomendação dos especialistas em endocrinologia e metabologia integra o consenso médico para tratamento das doenças da tireoide a ser apresentado no I Encontro Baiano de Patologias da Tireoide, hoje e amanhã no auditório do Centro Médico Hospital Português.
Dosagem de TSH - A dosagem de TSH permite identificar, a partir de uma amostra de sangue, se a glândula está funcionando normalmente.
As doenças da tireoide atingem mais as mulheres. Pesquisas apontam que 10% da população feminina acima dos 40 anos e 20% com mais de 50 sofrerão de alguma disfunção na glândula, explica o médico PhD em endocrinologia Helton Estrela Ramos, organizador do evento, consultor do Serviço de Endocrinologia e Metabologia do Hospital Português e professor da Ufba.
O endocrinologista destaca que entre as doenças mais prevalentes da glândula está o hipertireoidismo, que acontece quando há produção exagerada de hormônios. Eles vão acelerar o metabolismo, causar a perda de cálcio, ansiedade e irregularidade nos batimentos cardíacos.
Uma outra disfunção é o hipotireoidismo, que ocorre quando a produção de hormônios pela glândula é insuficiente, resultando em cansaço, depressão e diminuição da atividade cerebral.
O especialista alerta que os nódulos devem ser apropriadamente investigados pois em 5% dos casos representam o câncer da tireoide que também acometem majoritariamente o sexo feminino.
Segundo o Datasus, essa neoplasia é a quinta mais comum em mulheres, só perdendo para o câncer de pele, mama, útero e cólon.
Há hoje um maior número de diagnósticos da doença nodular da tireoide, mas o médico Helton Ramos afirma que isso não indica uma epidemia. "Apenas um maior número de exames de ultrassom tem sido solicitado". O diagnóstico precoce permite o controle dos sintomas e previne o agravamento das consequências geradas pelos distúrbios causados pelo mau funcionamento da glândula.
O especialista alerta ainda para os riscos oferecidos pelo excesso de consumo dos chamados alimentos industrializados pois podem conter disruptores endócrinos que levam a maior risco de doenças relacionadas a tireoide.
Ainda segundo ele, o excesso de consumo de sal e, consequentemente, iodo pode levar ao hipotireoidismo, que é a baixa produção de hormônios pela tireoide. A quantidade ideal recomendada para um adulto é de 150 microgramas por dia, que pode ser atingida sem qualquer adição extra de sal à comida pronta.
Avanços científicos - Dentre as recentes descobertas científicas a serem apresentadas no encontro, estão o surgimento de doenças tireoidianas em pacientes que fazem uso regular de novas medicações contra hepatites e alguns tipos de câncer, bem como novas patologias genéticas que atrapalham o funcionamento da tireoide e se correlacionam ao retardo mental, dai a importância do teste do pezinho que possibilita o rastreamento de problemas da tireoide nos primeiros dias de vida .
A professora doutora do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (USP) Edna Kimura, um dos destaques do encontro, traz as recentes descobertas genéticas sobre à evolução do tumor tireoidiano na conferência "Câncer de tireoide: aspectos moleculares e sua potencial aplicação clínica".
Saiba quais alimentos ajudam na prevenção de doenças na tireóide
A tireoide é uma glândula que regula várias funções do organismo. Abaixo, uma lista de alimentos que ajudam a prevenir problemas no seu funcionamento:
Algas marinhas - São uma rica fonte de iodo e ainda trazem boa quantidade de selênio, indispensável para a produção de hormônios pela tireoide. Não se deve, contudo, exagerar no seu consumo
Castanha-do-pará - Fornece substâncias para o bom funcionamento da glândula. É rica em selênio e ômega-3. Dose recomendada pelos nutricionistas: uma ou duas castanhas. Nunca além disso
Quinua - Fonte de proteínas vegetais, a quinua é comparada à soja. O grão é rico em cálcio, ferro, fibras, magnésio, potássio e selênio. Consumir duas colheres por semana, na salada, risoto ou shakes
Óleo de peixe - Rico em iodo. Preferir salmão, sardinha e atum. O nutriente também é achado em vegetais como a chia e a linhaça. Consumir 120 g de peixe três vezes por semana ou duas cápsulas de 1.000 mg
Leite e derivados - Fonte de cálcio, vitaminas A e D e iodo, principais responsáveis pela saúde da tireoide. Deve-se consumir diariamente três porções: um copo de leite, um iogurte à tarde e duas fatias de queijo branco
Gema de ovo - Oferece componentes antioxidantes. A pequena quantidade de iodo presente no alimento é importante para a produção de hormônios pela tireoide uma pré-vitamina A
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