EUA aprovam primeiro tratamento não hormonal para as ondas de calor associadas à menopausa
A ingestão diária de uma baixa dosagem de paroxetina se mostrou eficaz em reduzir as ondas de calor
Menopausa: as ondas de calor acometem mais de 75% das mulheres (Thinkstock)
O primeiro tratamento não hormonal para as ondas de calor associadas à menopausa acaba de ser aprovado nos Estados Unidos. O FDA (agência reguladora sanitária americana) liberou para venda o remédio Brisdelle, que contém 7,5 miligramas de paroxetina. O medicamento, um antidepressivo vendido atualmente em comprimidos de 20 miligramas, será o primeiro com indicação para menopausa a não ter hormônio em sua composição.
Opinião do especialista
César Eduardo Fernandes
Presidente da Associação de Obstetricia e Ginecologia de São Paulo e professor da Faculdade de Medicina do ABC
Presidente da Associação de Obstetricia e Ginecologia de São Paulo e professor da Faculdade de Medicina do ABC
"Sempre houve uma procura grande por tratamentos alternativos para a menopausa, porque algumas mulheres não podem se beneficiar da terapia hormonal. A paroxetina já era usada com essa finalidade, mas na dosagem padrão vendida atualmente, de 20 miligramas. A aprovação do FDA é muito bem-vinda e deve ser usada como mais uma arma.
"É importante salientar, no entanto, que isso não significa que a paciente deva interromper seu tratamento hormonal. Estudos anteriores com a dosagem de 20 miligramas, por exemplo, já apontavam que, apesar de eficaz, as melhoras sentidas com a paroxetina ainda são inferiores às da reposição hormonal. Antes de qualquer decisão, consulte seu médico."
A menopausa costuma chegar para mulheres acima dos 40 anos. Entre os 49 e 51 anos, 50% delas terá sua última menstruação. O período é marcado por uma queda na produção dos hormônios femininos: estrogênio e progesterona. Ondas de calor acometem mais de 75% das mulheres no período anterior à última menstruação — são resultado dessa "bagunça" hormonal. O sintoma pode durar por até cinco anos. Apesar de não apresentarem nenhum tipo de risco vital, as ondas de calor podem causar desconforto e problemas para dormir.
“Existe um número significante de mulheres que sofrem de ondas de calor associadas à menopausa e que não podem fazer uso dos tratamentos hormonais”, disse em comunicado Hylton V. Joffe, diretor da Divisão de Produtos Ósseos, Reprodutivos e Urológicos do FDA. “A aprovação oferece às mulheres a primeira opção terapêutica não hormonal para o controle dessas ondas de calor.”
Pesquisa — A segurança e eficácia do Brisdelle foram demonstradas em dois estudos, que contaram com a participação total de 1.175 voluntárias que tinham ondas de calor de moderadas a intensas — mínimo de sete a oito por dia ou de 50 a 60 por semana. O tratamento durou 12 semanas em um dos estudos, e 24 no outro. O medicamento se mostrou mais eficaz na redução das ondas de calor quando comparado ao grupo que usou placebo. Os mecanismos pelos quais essa redução acontece, no entanto, ainda são desconhecidos.
De acordo com o FDA, os principais efeitos adversos do Brisdelle foram dor de cabeça, fatiga e náusea e vômito.
Mariano Tamura, ginecologista do Hospital Israelita Albert Einstein
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*O conteúdo destes vídeos é um serviço de informação e não pode substituir uma consulta médica. Em caso de problemas de saúde, procure um médico.
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