sábado, 2 de novembro de 2013

Novo 'Mapa do Crime' ajuda polícia a prender suspeito de roubos em série

Novo 'Mapa do Crime' ajuda polícia a prender suspeito de roubos em série

Sistema chamado de 'Ragisp' organiza dados das estatísticas criminais.
Consultado apenas por policiais, mapa apontou criminoso na Av. Rebouças.

Kleber TomazDo G1 São Paulo

1 comentário
Ragisp está sendo usado desde por policiais civis e militares  (Foto: Reprodução / Divulgação)Ragisp está sendo usado desde por policiais civis e militares (Foto: Reprodução / Divulgação)

Desde setembro, policiais militares e civis de São Paulo usam uma nova tecnologia desenvolvida pelo Centro Integrado de Inteligência da Secretaria da Segurança Pública (Ciisp), que mostra horários e ruas onde ocorrem as maiores incidências de diferentes tipos de crimes, para prender e investigar criminosos.

Na noite da última segunda-feira (28), a Polícia Militar deteve em flagrante um suspeito de assaltar pedestres e motoristas numa avenida recordista de roubos na Zona Oeste da capital. A Polícia Civil investiga se ele é responsável por mais assaltos na região.

A prisão de Alexsandro José Freire da Silva, de 20 anos, ocorreu às 19h45, na Avenida Rebouças, em Pinheiros, após patrulhamento baseado na análise do Relatório Analítico Gerencial de Inteligência de Segurança Pública (Ragisp), uma espécie de 'mapa do crime', como os policiais estão chamando a ferramenta.

Alexsandro da Silva foi preso suspeito de cometer ao menos três roubos na Zona Oeste (Foto: Reprodução / Divulgação)Alexsandro da Silva foi preso suspeito de cometer
ao menos três roubos na Zona Oeste. Polícia
espera que com a divulgação da foto dele,
mais vítimas o reconheçam.
(Foto: Reprodução / Divulgação)

Acessado por computadores e tablets dos batalhões da PM e dos distritos policiais, o sistema informatizado mostrava a necessidade de policiamento ostensivo na via, que apresentava mais casos de roubos em geral em relação às outras ruas do bairro. De acordo com as tabelas e gráficos coloridos, foram 14 boletins de ocorrência em setembro na Rebouças, que apresentou maior incidência desse tipo de crime por volta das 20h nas segundas, quartas e quinta-feiras.

Segundo policiais da Ronda Ostensiva Com Apoio de Motocicletas (Rocam), o criminoso usou uma arma de brinquedo para assaltar o motorista de Hyundai. Telefones celulares de última geração, relógios e joias que estavam com ele foram recuperados e devolvidos ao dono.

Levado ao 14º Distrito Policial, em Pinheiros, o suspeito foi reconhecido pela vítima. Em seguida, a equipe do delegado Gilmar Pasquini Contrera consultou outros casos de roubos na Rebouças e em vias próximas e identificou mais vítimas de Alexsandro: uma motorista roubada no dia 25 deste mês e um condutor assaltado no dia 18 na Avenida Brigadeiro Faria Lima. Nestes dois casos, as vítimas foram abordadas numa sexta-feira.

De acordo com Contrera, o assaltante detido foi levado para um centro de detenção provisória. Ele ainda é investigado como suspeito de ter praticado pelo menos mais 12 roubos na Rebouças. Segundo policiais, ele confessou os três roubos. O G1 não conseguiu falar com o preso ou localizar seu advogado para comentarem as acusações.

“Estamos apurando se ele [Alexsandro] cometeu mais roubos com informações compartilhadas pelo Ragisp, que nos dá uma visão ampla de cada tipo de crime que ocorre na área do distrito. A partir disso, podemos ter mais elementos e mais rápidos para investigar”, disse o delegado, que costuma usar a nova tecnologia em reuniões com o delegado adjunto Olivio Gomes Lyra.

Além da Rebouças, outras vias aparecem como as onde mais ocorreram assaltos na região de Pinheiros em setembro: Avenida Brigadeiro Faria Lima (12 casos); Rua Cardeal Arco Verde (10); Avenida das Nações Unidas (9); Avenida Pedroso de Moraes e Rua Teodoro Sampaio (ambas com 8).

Delegados do 14º DP, em Pinheiros, analisam Ragisp para ajudar nas investigações sobre roubos na região (Foto: Kleber Tomaz / G1)Delegados do 14º DP, em Pinheiros, analisam
Ragisp para ajudar nas investigações sobre roubos
na região (Foto: Kleber Tomaz / G1)

De acordo com Fábio Bechara, promotor licenciado que coordenada o Ciisp, além do roubo, o Ragisp também faz análises dos crimes de roubo de veículo, roubo de carga, roubo à banco, furto, furto de veículo, homicídio e latrocínio.

“Por enquanto, essa ferramenta se baseia nos boletins de ocorrência da Polícia Civil e pode ser acessada tanto pelos policiais civis quanto os policiais militares, mas está em estudo a inclusão dos dados levantados também pela Polícia Militar, que tem um trabalho mais ostensivo nas ruas e não de investigação, como os civis”, disse Bechara.

Outra medida que deverá ser adotada é a de manter os dados sempre atualizados quase em tempo real. Por enquanto, eles ainda não são feitos automaticamente, ou seja, quando as informações são vistas, se referem sempre ao mês anterior. “Mesmo assim, é possível ter uma ideia da evolução e tendência criminal numa determinada rua ou região”, disse o coordenador. “A ideia é que tanto o PM quanto o policial civil conheçam melhor a área onde atuam e possam ter condições de atuar melhor, seja prendendo ou investigando”.

A tecnologia funciona na capital e cidades da Grande São Paulo. Posteriormente os dados criminais de outros municípios do interior do estado e do litoral poderão ser incluídos no Ragisp para que possam ser acessados pelas polícias locais. As ocorrências de nove crimes são incluídas no sistema: homicídio doloso, latrocínio, estupro, furtos em geral, furto de veículo, roubos em geral, roubo de veículos, roubo de carga e roubo a banco. Por enquanto, o sistema é restrito ao sistema interno das polícias Civil e Militar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário