Brasil treina tropas estrangeiras para a ONU
Olívia Freitas e Fabio Zanini
Enviada Especial a Campinas/ Editor de "Mundo"
Enviada Especial a Campinas/ Editor de "Mundo"
Cada vez mais atuante em forças de paz da ONU pelo mundo, o Exército Brasileiro vem treinando estrangeiros para essas missões em ritmo acelerado.Desde que iniciou esses cursos, há cinco anos, 403 militares passaram pelo treinamento, no Rio de Janeiro.
A procura pelos cursos, financiados pelos países de origem das tropas, aumentou 111% somente neste ano, quando o número saltou de 65 para 137 homens. Grande parte deste efetivo é destinado ao Haiti, onde o Brasil lidera a força militar da ONU, a Minustah.
Curiosamente, o aumento do interesse dos estrangeiros ocorre em um momento em que a missão haitiana está sendo reduzida. Recentemente, o governo uruguaio, por exemplo, informou que retirará suas tropas do país.
Os treinamentos são oferecidos pelo Conjunto de Operações de Paz do Brasil (CCOPAB), instituição ligada à Defesa, no Rio de Janeiro. O primeiro a passar por preparação foi um oficial do Exército Paraguaio, em 2008. Desde então, lá estiveram militares de países como EUA, Reino Unido, Canadá, França, Argentina, Chile e Equador, entre outros.
"Para o Haiti, treinamos tropas constituídas, ou seja, um ou mais pelotões de 30 militares de cada vez", diz o comandante do CCOPAB, coronel Luís Fernando Baganha.
De acordo com o coronel, a participação do Brasil na Minustah repercutiu na ONU e é a isso que se deve a maior procura. Os cursos duram até dois meses e meio. "Passamos fundamentos de uma missão de paz: princípios, regras, como se reportar e para quem na ONU, procedimentos, os riscos da região, como sobreviver em condições mais restritas, cuidados, primeiros socorros e direção em terreno difícil", diz Baganha. O custo do curso não foi informado.
HAITI
Além do treinamento oferecido no Rio, o Exército realiza cursos para estrangeiros sempre que há envio de novos contingentes militares para o Haiti. Neste mês, um treinamento ocorreu em Campinas (SP). Ao lado de 1.200 brasileiros, 34 militares de Paraguai, Canadá e Peru se concentraram numa fazenda na cidade do interior paulista.
O capitão Líveillé, do Exército canadense, diz que seu país busca oferecer novas experiências aos militares. "As ações no Haiti são humanitárias. Lá, não há inimigo, como no Afeganistão", afirma.
O tenente-coronel Aguirre, do Exército paraguaio, diz que seu país, que já está no 14º treinamento com o Brasil, busca novos conhecimentos com os brasileiros. "Levamos muita experiência para os soldados", afirma.
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