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Expedicionário Hely Marés de Souza
Hely Marés de Souza: O regresso de um herói
Por Carlos Frederico Marés de Souza
Meus caros amigos:
No limiar dos oitenta anos e após um grave acidente vascular, vou procurar escrever um fato notável ocorrido há cinqüenta anos e que foi motivo de grande alegria para a Família Marés de Souza.
A convocação de um estudante para a guerra.
1942. Getúlio Vargas, presidente do Brasil, declarou guerra à Alemanha, Itália e Japão, em conseqüência dos ataques realizados por submarinos alemães a navios cargueiros que navegavam na costa de nosso território com a bandeira de nossa pátria, afundando-os indefesos e, por isso, covardemente.
Ao serem divulgadas essas agressões praticadas contra nosso território, o povo de todos os recantos, tanto do Norte como do Sul, do Leste e do Oeste desta pátria imensa, levantou-se unido e optou pela guerra.
Os jovens brasileiros que constituíam a reserva das nossas Forças Armadas foram convocados para integrar a Força Expedicionária Brasileira (FEB) e entre eles, um estudante secundarista da União da Vitória chamado Hely, meu irmão. Hely atendeu prontamente a convocação e, passados alguns dias, encontrava-se em Ponta Grossa integrado no Exército como soldado do 13º Regimento da Infantaria. O soldado Hely fez todos os cursos que lhe foram oferecidos pelo regimento, certo de que melhor seria servir o Exército como graduado, durante o tempo em que ali estivesse.
Não foi surpresa para a família Marés de Souza que o Sargento enfermeiro fosse convocado para integrar a Força Expedicionária Brasileira e, logo em seguida deslocado para o Rio de Janeiro, onde com milhares de brasileiros, sob o comando de General Mascarenhas de Moraes, foram combater os alemães na Itália.
Os brasileiros combateram incessantemente os alemães em Monte Catini, Monte Castelo e em outros lugares com artilharia pesada, e, acima de tudo, com a bravura de nossos homens.
O Hely foi testemunha de nossa história, acompanhando o tronitroar das metralhadoras e os estrondos de nossos canhões até a rendição das tropas alemãs ao se entregarem prisioneiras das tropas brasileiras.
8 de maio de 1945. Fim da guerra em que os brasileiros enfrentaram além de instrumentos de guerra mais modernos e a conhecida disciplina nazista, o clima nas montanhas da Itália.
Sofreram muito nossos “pracinhas”. A neve nas montanhas e o nosso despreparo para enfrentá-la.
Muitos foram conhecer neve nos campos de batalha da Europa. Não tinham roupas adequadas, nem sapatos apropriados. Improvisaram e venceram. Venceram.
A Força Expedicionária do Brasil cumpriu sua missão combatendo a ditadura nazista e consolidando a democracia.
REGRESSO DE UM HERÓI
Toda nossa família morava em União da Vitória, exceto o Fredericindo e o Astolphinho, residentes em Curitiba. Aguardávamos notícias sobre o regresso dos “pracinhas”. Não tínhamos rádios com alcance para ouvir a Europa. Televisão não existia.
Através de Rigoleto Conti, pai dos expedicionários Ítalo e Adélio Conti e muito amigo de papai, soubemos que haviam recebido notícias de seus filhos e do Hely, num grande navio americano que estava partindo de Gênova, com sete mil brasileiros, com destino ao Rio de Janeiro.
Minha esposa Odette e eu fomos designados para ir esperá-los.
Fomos de trem e na passagem por Ponta Grossa a Ismênia, irmã de Odette, juntou-se a nós. Pernoitamos em São Paulo e, em seguida, conseguimos passagem na Central do Brasil até o Rio de Janeiro. Chegamos e nos hospedamos no Hotel Globo. Depois de muita luta na grande e desconhecida cidade, conseguimos um convite para esperar os “pracinhas” em alto mar, fora barra, no navio “Almirante Tamandaré”. Não fosse a proteção que nos deu o Dr. Francisco Galoti, diretor do porto, não teríamos entrado no navio na Praça Mauá. Enfim navegando para o mar.
Chegamos ao navio que trazia de volta os sete mil expedicionários e fizeram uma saudação muito significativa. Estavam navegando com a máxima lotação e a bombordo do grande navio quando o alcançamos.
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