Candido Martins da Rosa (1923-2013) - Um dos fundadores da Esquadrilha da Fumaça
ANDRESSA TAFFAREL
Candido Martins da Rosa jamais deixou de olhar para o céu quando passava um avião, que rapidamente tinha o modelo identificado. Com a idade avançada, já não conseguia distingui-los, mas não deixava de olhar para cima.
Para o piloto Chico Martins --apelido que deixava todo o mundo curioso, já que nada tinha de Francisco no nome--, voar significava viver.
Prestou serviços à Força Aérea Brasileira por 23 anos. Com mais três colegas, criou a Esquadrilha da Fumaça, sua menina dos olhos. Em 2012, fez questão de participar, cheio de orgulho, das comemorações dos 60 anos do grupo.
Também serviu no Centro Técnico da Aeronáutica, foi piloto particular da tecelagem Parahyba e, por último, trabalhou na Embraer, onde, por 17 anos, fez voos históricos com o avião Bandeirante.
Entre seus feitos estão a primeira travessia do Atlântico sul com um avião brasileiro e testes de baixa temperatura acima do Círculo Polar Ártico e de alta temperatura em desertos do Oriente Médio.
Parou de pilotar aos 67. Durante esse tempo, sofreu apenas um acidente, na Amazônia, no qual os ocupantes chegaram a ser dados como mortos, mas todos sobreviveram.
Dizia que, agora, "voar é até covardia". "O avião faz quase tudo sozinho, é só decolar e pousar. Queria ver essa turma voar como no meu tempo", falou para a filha, Sandra, durante um voo comercial.
Tinha câncer de garganta. Em agosto, pouco antes de completar 90 anos, disse à família que morreria no dia 28 de setembro. E acertou a data.
Viúvo de Shirley, com quem viveu por 50 anos, deixa uma irmã, a filha e três netos.
Conheci o Cel. Martins da Rosa quando era funcionário da Tesouraria do antigo CTA. Eu tinha 17 anos e no ano seguinte teria que prestar o serviço militar, quando então fui convidado pelo cel. a me alistar no CPOR onde ele era o comandante. Enquanto ele foi comandante do CPOR fui seu comandado, e posso testemunhar que o cel. Martins da Rosa foi uma das pessoas mais integras que conheci. Como nosso comandante demonstrava humildade, sem perder o rigor da sua condição de comando. Foi admirado e respeitado pelos seus comandados. Quando deixei o quartel, nunca mais o encontrei. Hoje, dia 18/12/2016 tomei conhecimento de sua morte em 2013, mas após tanto tempo, foi pra mim um dia triste, apesar de saber que esse é o fim de todos nós. O cel. Martins da Rosa é uma lembrança viva na minha memória e com certeza Deus ja havia lhe reservado um lugar muito especial no céu. Do quartel tenho grandes lembranças, mas do meu comandante jamais esqueci.
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