segunda-feira, 23 de julho de 2012

Fisioterapia ajuda a tratar disfunção urinária

Fisioterapia ajuda a tratar disfunção urinária

Fabiana Mascarenhas
Margarida Neide/Agência A TARDE

Aparelho de eletroestimulação e biofeedback são utilizados no tratamento das disfunções do assoalho


Após a cirurgia para tratar um câncer na próstata, o autônomo Carlos Martins, de 57 anos, apresentou um problema muito comum em pacientes que realizam a prostatectomia: a incontinência urinária, que se define como qualquer perda involuntária de urina. Por indicação do médico, Carlos iniciou um tratamento com sessões de fisioterapia uroginecológica.
O paciente, até então, não tinha ouvido falar da técnica e o nome é, de fato, estranho para muitos, mas este tipo de fisioterapia é uma das especialidades mais promissoras no tratamento da incontinência urinária e de disfunções do assoalho pélvico, formada por músculos e ligamentos que engloba a pelve. “Comecei a fazer o tratamento há dois meses e estou praticamente recuperado.  Achei o resultado excelente”, conta.
Além da incontinência urinária, a especialidade é indicada também em situações de flacidez perineal (fraqueza da musculatura do assoalho pélvico), incontinência fecal (perda involuntária de fezes), constipação, prolapsos genitais (bexiga caída), cirurgias e dores pélvicas e algumas disfunções sexuais, como dispareunia (dor na relação sexual) e vaginismo, que é a contração involuntária dos músculos próximos à vagina.
Durante a gestação, a fisioterapia é indicada a partir do segundo trimestre e tem o objetivo de prevenção das dores e das alterações do assoalho pélvico, além de preparar a musculatura da pelve para o parto normal.
Fortalecimento - Como explica a fisioterapeuta, especializada em uroginecologia, Milena Feitosa, basicamente, o principal objetivo do tratamento é fortalecer a musculatura do assoalho pélvico e reeducar o funcionamento da bexiga, normalmente esquecida por muitas pessoas. “Até mesmo os mais jovens não têm essa consciência corporal. Então, o primeiro passo é conscientizá-los a utilizar corretamente estes músculos”, informa.
O tratamento é feito com exercícios e aparelhos específicos que devolvem o controle da musculatura da região da pelve e são eficientes tanto para o homem quanto para a mulher. São utilizados  exercícios manuais e de contração que buscam aumentar a força e a elasticidade muscular. A eletroestimulação é um dos recursos. Através de correntes elétricas são realizadas contrações repetidas dos músculos do períneo, que sustenta os órgãos genitais.
Também é utilizado o biofeedback,  aparelho no qual a pessoa realiza a contração, que pode ser visualizada por meio de curvas, sons ou cores, oferecendo uma referência visual se o exercício está sendo feito corretamente.  “O biofeedback auxilia o paciente a se autoconhecer e a desenvolver o controle voluntário de suas contrações do assoalho pélvico”, explica Milena Feitosa.
Segundo a fisioterapeuta Larissa Yves, é necessário, no mínimo, três meses para se atingir um aumento no tônus da musculatura. “O número de sessões dependerá do problema apresentado e do grau da disfunção apresentada pelo paciente, mas essa é a média de tempo para alcançar os objetivos”, esclarece.
Normalmente são realizadas duas sessões semanais com 40 a 50 minutos de duração. Há clínicas que realizam o tratamento por meio de convênios e o acesso na rede pública ainda é limitado. Para os que vão pagar pelo serviço, é necessário desembolsar uma média de R$ 150  por sessão.  Segundo ela, o tratamento pode ser feito em homens e mulheres de qualquer idade. “Os casos são avaliados individualmente”.
Indicação  - De acordo com o coordenador do ambulatório de uroginecologia do Hospital das Clínicas e professor de ginecologia da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Márcio Josete, o médico deve avaliar a melhor opção de tratamento para o paciente.
Segundo ele, a fisioterapia uroginecológica é eficaz e, além de prevenir, pode tratar uma série de disfunções, mas a sua indicação depende de alguns fatores, como avaliação do grau da disfunção e disponibilidade do paciente.
“Como é um tratamento mais lento, requer disciplina e muita dedicação do paciente. É como fazer uma atividade física, por exemplo. Caso a pessoa não faça com a regularidade necessária, não há resultados. Há pacientes também que moram no interior e têm de vir para a capital para fazer as sessões. Por isso, em algumas situações, é melhor optar pelo procedimento cirúrgico, que apresenta resultados mais rápido”, explica o médico Márcio Josete.
Leia reportagem completa na edição impressa do Jornal A Tarde dodomingo, 22, ou, se você é assinante, acesse aqui a versão digital.

Nenhum comentário:

Postar um comentário